sábado, 25 de outubro de 2008

VOCÊ É UM LUGAR
Há um lugar em você, pra mim
Há um lugar em mim, pra você...

Tudo que ela sempre quiz foi, Se perdoar...
Pois cansou de andar, andar, andar...e se perder
Entre noites frias das ruas da Glória e o
Cine Baronesa.
Sempre aquela solidão no ônibus,
Vendo a vida varrida de Voz;
Naquela solidão de ônibus,
Vendo a vida varrida de Nós;
Naquela solidão-de-ônibus,
Vendo a vida vazia a Sós.

Há um lugar em você, pra mim
Há um lugar em mim, pra você...
Pra voltar, voltar a ver...
Voltar à Vida...
Voltar pra Você...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

VOCÊ É UM LUGAR

VOCÊ É UM LUGAR

"Há lugar em mim pra Você;
E há um lugar em Você pra mim;
Prá voltar, voltar a ver!
E voltar pra vida!
Voltar pra Você!"

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Miss Universo/2008.

“Alguns interessados em concursos de misses, outros, em tirar irmãos de debaixo das marcuses”. Black Alien

“O inferno continua sendo os outros...”
Encontro imaginário entre Sartre e Jung, quando o segundo pergunta ‘...mas e o sentimento oceânico...?. Neil Gaiman que acabara de entrar, responde:

-- O tempo é fluido por aqui – disse o demônio. Ele soube que era um demônio no momento em que ele o viu, assim com soube que ali era o inferno, não havia mais nada que um ou outro pudessem ser. A sala era cumprida, e do outro lado o demônio esperava do lado de um braseiro fumegante. Uma variedade de objetos pendiam das paredes cinzentas cor de pedra, do tipo que não pareciam sensato ou confortante inspecionar muito de perto. O pé-direito era baixo e o chão, estranhamente diáfano.
-- Chegue mais perto – ordenou o demônio – ele se aproximou.
O Demônio era esquelético e estava nu. Tinha cicatrizes profundas que pareciam ser fruto de açoites num passado distante, não tinha orelhas nem sexo, os lábios eram finos e ascéticos, os olhos condizentes com os de um demônio: haviam indo longe demais e visto mais do que deveriam. Sob aquele olhar ele se sentia menos importante que uma mosca.
--O que acontece agora? Ele perguntou.
– Agora - disse o demônio com uma voz que não demonstrava sofrimento nem deleite, somente uma horripilante e neutra resignação – você será torturado.
--Por quanto tempo? O demônio balançou a cabeça e não respondeu. Ele percorreu lentamente a parede examinando um a um os instrumentos ali pendurados. Na outra extremidade perto da porta fechada, havia um açoite feito de arame farpado. O demônio o apanhou com uma das suas mãos de três dedos e o carregou com reverência até um outro lado da sala. Pôs as pontas do arame sobre o braseiro e observou, enquanto se aqueciam.
--Isso é desumano!
--Sim.
As pontas do açoite ganharam um vasto brilho alaranjado. Quando ergueu o braço para dar o primeiro golpe, o demônio disse: ‘no futuro você sentirá saudades deste momento’...Você é um mentiroso! – disso o homem.
--Não! - respondeu o demônio - a próxima parte é ainda pior, explicou pouco antes de descer o açoite.
As pontas do açoite atingiram as costas do homem como um estalo em um chiado, rasgando as roupas caras. Elas queimavam e cortavam e estraçalhavam tudo que tocavam. Não pela última vez naquele local, ele gritou.
Havia duzentos e onze instrumentos nas paredes daquela sala e com o tempo ele iria experimentar cada um deles. Por fim, a filha do Nazareno, que ele acabou conhecendo intimamente, foi limpa e recolocado na parede na ducentésina décima posição, nesse momento, por entre lábios rachados, ele soluçou: ‘e agora?’. Agora começa a dor de verdade, - informou o demônio. E começou mesmo.
Cada coisa que ele fizera, que teria sido melhor não ter feito, cada mentira que ele contara a si e aos outros, cada pequena mágoa e todas aquelas grandes mágoas, cada uma dessas coisas foi arrancada dele, detalhe por detalhe, centímetro por centímetro, o demônio descascava a crosta do esquecimento, tirava tudo somente até sobrar só a verdade. E isso doía mais que qualquer coisa.
--Conte o que você pensou quando a viu indo embora – exigiu o demônio.
--Pensei que meu coração ia se partir.
--Não, não pensou. Contestou o demônio, sem ódio. Dirigiu seu olhar sem expressão para o homem, que se viu forçado a desviar os olhos. Pensei ‘agora ela nunca saberá que dormi com sua irmã’. O demônio desconstruiu a vida do homem, momento por momento, num instinto medonho após o outro, levou cem anos ou talvez mil. Eles haviam todo tempo do universo naquela sala cinzenta. Lá pelo final ele percebeu que o demônio tinha razão, aquilo era pior que a tortura física. Mas acabou.
Só que quando acabou, começou de novo. E com uma consciência de si mesmo que ele não tinha da primeira vez, o que de certa forma tornava tudo ainda pior. Agora, enquanto falava, ele se odiava. Não havia mentiras evasivas nem espaço para nada que não fosse a dor e o ressentimento. Ele falava. Não chorava mais. E quando terminou, mil anos depois, orou para que agora o demônio fosse até a parede e pegasse a faca de escalpelar, ou o sufocador ou a morsa.
--De novo! Ordenou o demônio. Ele começou a gritar e gritou por muito tempo.
--De novo! Ordenou o demônio, quando ele se calou como se nada tivesse sido dita até então. Era como descascar uma cebola. Dessa vez ao repassar sua vida, ele aprendeu sobre as conseqüências: percebeu os resultados das coisas que fizera, notou que estava cego quando tomou certas atitudes, tomou conhecimento das maneiras como infligira mágoas ao mundo, danos que causara à pessoas que não conhecera, encontrara ou vira. Foi a lição mais difícil até aquele momento.
--De novo! – ordenou o demônio, mil anos depois.
Ele agachou no chão ao lado do braseiro, balançando o corpo levemente, com os olhos fechados contou a história de sua vida, revivendo-a, enquanto contava do nascimento até a morte, sem mudar nada, nem omitir nada, enfrentando tudo.
Abriu seu coração.
Quando acabou ficou sentado ali, de olhos fechados, esperando que a voz dissesse ‘de novo!’. Porém nada foi dito. Ele abriu os olhos e lentamente ficou de pé. Estava sozinho.
Na outra ponta da sala havia uma porta que enquanto ele olhava, se abriu. Um homem entrou. Havia terror em seu rosto e também arrogância e orgulho.
O homem que usava roupas caras deu uns passos exitantes pela sala e parou. Ao ver o homem, ele entendeu:
-- O tempo é fluido por aqui – disse ao recém-chegado.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Adeus Céu Azul!

Há dez mil anos na Mesopotâmia
Um novo tipo de pensamento foi desenvolvido.
Um que envolvia uma Agricultura igualitária, e agora,
Adeus céu azul, adeus!
Nós caimos no sono, como pessoas e com animais neste Planeta.
Nós estamos aqui para ajudar este Planeta e não destruí-lo, pelo amor de Deus!!!
Eu estou enjoado e cansado da globalização desigual,
Eu estou enjoado e cansado de Fascismo!
Eu estou enjoado e cansado desse tipo de gente!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Em Busca da Paz

Paz não se pede, paz se conquista
E não será com guerra pois guerra-santa não existe, não insista,
Guerra-santa, paz satânica? Acho que não!
Permita-me lembrar o que disse o homem mais notável da história da humanidade:
Eu sou a paz! Eu vo-lo dou a paz, não paz que o mundo dá mas a minha paz, aquela paz que vai além do comum entendimento!
Pois se queremos mesmo a paz, porque as armas continuam a ser fabricadas em massa em nossa era?
Eu digo: crescimento econômico não gerará paz na terra, já que a estatística do lucro não leva em conta a miséria.
Também pudera: Miséria de alma gera miséria humana.
Suponhemos, hipotéticamente, então, distribuição ecumênica de renda e informação, além de iluminar com sapiência divina parco conhecimento humano, Pois nessa época de carro na frente dos bois; supérfulo na frente, necessidade depois.
Nossa capacidade de enxergar a realidade vale mais do que a riqueza de mil cidades.
(baseado em bnegão e gastón viñas)

sábado, 10 de maio de 2008

No Caminho Com Maiakóvski

Eduardo Alves da Costa, um poeta-visionário dos anos de chumbo tupiniquim, profetizou...

Assim como a criança humildemente afaga a imagem do herói, assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer por andar ombro a ombro com um poeta soviético.
Lendo teus versos, aprendi a ter coragem.
Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história:

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada. Na Segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correma ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz; e nós, que não temos pacto algum com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto a ousadia me afogueia as faces e eu fantasio um levante; mas amanhã, diante do juiz, talvez meus lábios calem a verdade como um foco de germes capaz de me destruir.

Olho ao redor e o que vejo e acabo por repetir são mentiras.

Mal sabe a criança dizer mãe e a propaganda lhe destrói a consciência. A mim, quase me arrastam pela gola do paletó à porta do templo e me pedem que aguarde até que a Democracia se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei, porque não estou amedrontado a ponto de cegar, que ela tem uma espada a lhe espetar as costelas e o riso que nos mostra é uma tênue cortina lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo e não os vemos ao nosso lado, no plantio.
Mas ao tempo da colheita lá estão e acabam por nos roubar até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso defender nossos lares mas se nos rebelamos contra a opressão é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo, por temor aceito a condição de falso democrata e rotulo meus gestos com a palavra Liberdade, procurando, num sorriso, esconder minha dor diante de meus superiores.

Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes, o coração grita - MENTIRA!

Cantos Solitários

No conto ‘Luzes’, de Tchekov escrito em 1888, o herói, um engenheiro chamado Ananiev, fala de um encontro decisivo ocorrido na sua juventude, numa casa de varaneio de pedra, acima do mar, e oferece essa teoria sobre os grafites:

“Quando um homem num estado de espírito melancólico é deixado sozinho frente a frente como mar, ou com qualquer outro cenário que lhe pareça grandioso, há sempre, por alguma razão, misturada à melancolia, a convicção de ele vai viver e morrer na obscuridade e, reagindo, ele agarra um lápis, um caco de telha....e se apressa em escrever seu nome na primeira coisa ao alcance das mãos.
E é por isso, suponho, que todos os cantos convenientemente solitários, estão sempre rabiscados com lápis, cacos de telha ou gravados com canivetes.”

Este é um reflexo (efeito retardado), da sensação de eternidade que tínhamos quando estávamos com Deus naqueles dias no Jardim das Delícias.

É por isso que insistimos em colocar nosso nome nas pessoas que amamos: é porque as pessoas e as coisas são extensões de nós.
É por isso que os enamorados escrevem seus nomes nas árvores;
É por isso que colocamos nossos nomes no diminutivo ou Jr. em nossos filhos;
É por isso que chamamos a Igreja de Cristo de Corpo,
É uma maneira de eternizar aquilo que somos-queremos-ser.

Sendo assim, eu chamo o Pedro de ‘Flautista de Hammelim’’ e chamo o Samuel de ‘Samuca, o Trovador Solitário’, porque no fundo eu queria ser vocês.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

TERRA DA CONFUSÃO

TERRA DA CONFUSÃO:
“Desmatamento.
Especialistas: crise alimentar é nova ameaça à Amazônia
Publicada em 29/04/2008 às 22h34m
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Enormes extensões ociosas do território brasileiro poderiam ser parte da solução para a crise alimentar mundial, mas há o risco de que o atual aumento nos preços alimentícios estimule a devastação da Amazônia.”

TERRA DA CONFUSÃO:
“CHILE.
Centros de Detenção de jovens não apresentam condições de reintegração social.
Adital - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), após visitas - desde novembro do ano passado - a todos os Centros Penitenciários do país, revelou que os adolescentes que vivem nesses centros são vítimas de abusos, violências, risco eminente de suicídio, pessoal despreparado e precária infra-estrutura.”

TERRA DA CONFUSÃO:
“28.04.08 - PANAMÁ
Relatório denuncia aumento significativo da violência contra a mulher.
O Relatório Alternativo sobre a situação dos Direitos Humanos das Mulheres Panamenhas, apresentado pelo Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), revela que houve um aumento significativo da violência contra a mulher, especialmente da violência infrafamiliar.”

TERRA DA CONFUSÃO.

Eu devo ter sonhado mil sonhos,
Sido assombrado por um milhão de gritos,
Mas eu não consigo ouvir os pés marchando,
Eles estão se movendo na rua.
Agora, você leu as notícias hoje? Eles dizem que o perigo se foi
Mas eu ainda posso ver a luz do fogo,
Eles estão queimando na noite.
Tantos homens, tantas pessoas
Causando tantos problemas,
E nem tanto amor para nos rodear.
Você não consegue ver que essa é a terra da confusão?
Esse é o mundo em que vivemos,
E essas são as mãos que nós estamos dando,
Use-as e vamos começar a tentar
Fazer deste um lugar que valha a pena viver.
Oh super-homem onde você está agora?
Tudo está saindo errado de alguma forma.
O homem de aço, homem de poder
Está perdendo o controle a cada hora.
Essa é a hora, esse é o lugar!
Então nós olhamos para o futuro!
Mas não há muito amor para circular.
Me diga porque essa é a terra da confusão?
Esse é o mundo em que vivemos...
Eu me lembro a muito tempo
Oh quando o sol brilhava,
E as estrelas brilhavam por toda noite,
E o som das gargalhadas enquanto eu te abraçava apertado
A tanto tempo atrás...
Eu não voltarei para casa esta noite,
Minha geração vai consertar isto,
Nós não estamos só fazendo promessas
Que nós sabemos que nós não vamos manter.
Tantos homens, tantas pessoas
Causando tantos problemas
A nem tanto amor por aí!
Você não consegue ver que essa é a terra da confusão?
Esse é o mundo em que vivemos,
E essas são as mãos que nós temos.
Use-as e vamos começar a tentar
Fazer desse um lugar que valha a pena lutar!
Esse é o mundo em que vivemos
E esses são os nomes que temos,
Erga-se e vamos começar a mostrar
Apenas onde nossas vidas estão nos levando.

A Cidade das ‘Crianças do Porão’.

É assim que tem sido referenciado o episódio acontecido na Cidade ex-anônima de Amstetten, uma cidade minúscula de 23 mil habitantes, que agora ficou famosa com a familia de um aposentado de 73 anos, segundo os médicos uma bomba de testosterona, que gerou sete filhos com a própria filha, que viveram trancados no seu porão durante 24 anos. Aarrrggg!

Bicho, estou relendo “A Divina Comédia” de Dante, por influência do cd ‘Dante XXI’ da Banda Cosmo-Mineira, Sepultura. Me parece que, o espírito humano mantém uma constância de insanidade e maldade grotescos.
Dois dos sete filhos que a austríaca Elisabeth Fritzl teve com o pai ao longo dos 24 anos em que esteve mantida presa num porão se impressionaram ao ver o mundo do lado de fora pela primeira vez.
Partindo daí cara, Platão não sai mais da minha cabeça:

No famoso ‘Mito da Caverna’, narrado no livro VII de A República, a maioria da humanidade, dominada pela ignorância, viveria como prisioneira acorrentada no interior de uma caverna escura, condenada a tomar como verdadeiras as fantasmagóricas sombras projetadas nas paredes à sua frente.
Os poucos que conseguem se libertar percebem o engodo e são capazes de alcançar as luzes do conhecimento e da ciência. Foi o que aconteceu há dois anos, quando a Áustria havia ficado chocada com a história da adolescente Natalia Kampusch que passou oito anos presa num porão perto de Viena, até que conseguiu fugir. O seqüestrador se matou. Talvez ela tenha encontrado as luzes do conhecimento, da ciência e, tomara, redenção.
Metáfora do esforço persistente para superar o mundo das aparências e do imediato, ao mesmo tempo em que critica a condição humana, é esse o percurso posto em questão pela cultura pós-moderna, ao propor-nos uma série de ‘des’: des-referenciação do Real, des-estetização da Arte, desconstrução da Filosofia, desmaterialização da Economia...e principalmente, Despolitização da Sociedade e des-substancialização do Sujeito.
Des-substancialização do Sujeito, é o que rola atualmente em Amstetten, e Amestetten é o nosso alter-ego agora:

‘A história de Amstetten precisa ser reescrita porque o porão onde viveu Elisabeth Fritzl e seus três filhos será agora a maior atração turística’ - disse um porta-voz da prefeitura.

- AAAAHHHHHH!!!!!! SOCORRO!!!!!!!!!

- Dante, Saramago (Ensaio sobre a Cegueira) e Platão me soam agora como um upper no estômago! Sou um sparring de Rinha de Galo!

Essas crianças saem de uma Vida na Caverna Platônica pra entrar na Vida da Caverna Pós-Moderna: “Dizer vida na caverna pós-moderna equivale a dizer vida nas sociedades do capitalismo avançado, apontando para a própria forma da crise de condição humana na época em que estamos vivendo. É sinônimo de uma cegueira muito profunda, pessoal e coletiva, mostrando como são frágeis os limites que separam Civilização e Barbárie.”

Talvez estejamos diante de uma Profana Comédia;
Talvez essa véspera de feriado chuvosa esteja me deixando melancólico,
Porém, me esforço para alcançar um resquício de otimismo e esperança dantescos, que me faz imaginar um Virgílio nos reanimando, nos fazendo passar pelo Inferno e Purgatório.
E então, Beatriz nos conduzirá ao Paraíso.
Tomara.

domingo, 27 de abril de 2008

Justiça na Terra, para Satisfação do Céu.

"Os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem a lei, mas os que se antecipam à ela, dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu".
Machado de Assis, 6 dias depois da Abolição da Escravatura (Maio de 1888).

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Quando se Aprende a Amar, o Mundo passa a ser Seu. Digressão.

...Entretanto, tenho pavor dessa idéia, não porque sou homem, mas porque Nietzsche e Marx são ressuscitados nesta questão. O primeiro sinaliza a possibilidade de um relacionamento sem amor, ou seja, contratual; o outro sugere as relações humanas como desdobramentos puramente políticos e nunca orgânico, integral.

Talvez continue...

Quando se Aprende a Amar, o Mundo Passa a ser Seu. Pra Início de Conversa.

Quando se Aprende a Amar, o Mundo Passa a ser Seu.

Eu não consigo parar de pensar na necessária retomada providencial da integralidade do ser humano. Tudo ao meu redor tem apontado pra isso: dos sabores do mundo entre o céu-da-boca aos vãos das filosofias; a transdisciplinaridade das relações científicas, as autopoieses das relações consumidores/cidadãos.

Afinal de contas, não queremos só comer, queremos também fazer amor.

Em se tratando das relações Consumidores/Cidadãos, estamos em estado de franca fragmentação, perdemos a noção de pertencimento. Nossos lares não nos pertencem, as ruas não são mais nossos quintais. Perdemos os direitos, mas pagamos as contas/tributos.
O lazer, assim como o ambiente público, tende a ser cada vez mais privatizado, dividindo os cidadãos em basicamente dois grupos: os que podem e os que não podem arcar com os custos dessa privatização. Os cidadãos ficam desligados de sua cidade e passam a ser usuários dela, sem um pertencimento mais profundo, sem comprometimento com seus problemas e a busca de soluções destes (Nestor Canclini). De certa forma, somos usuários de mobílias urbanas.
Vejam um ponto de ônibus, por exemplo:
É um bem público quando dele nos utilizamos pra esperar o ônibus, é um bem privado quando usado como ‘outdoor’, um sinal de violência urbana quando depredado, e um símbolo do descaso das autoridades quando depredado permanece. Há aí uma dicotomia entre Cidadãos e Consumidores, fruto da fragmentação que o Neoliberalismo Econômico nos relegou.

Em se tratando das relações existenciais, a fragmentação tem nos levado ao esquecimento (processo de Lobotomia da ideologia dos meios de comunicação) dos sentimentos e vivências amorosas. Tem gente sugerindo a individualização e o egoísmo feminino como forma de subjugar o homem e o paternalismo. O psiquiatra Flávio Gikovat diz em livro, que as mulheres devem preservar sua individualidade para serem felizes no Amor, uma vez que elas é que estão na frente deste processo de individualização, pois eram as vítimas nos relacionamentos de ‘fusão romântica’.
Olha só, eu espero ansiosamente pelo dia em que o Mundo será governado pelas mulheres. Elas são ótimas!
Continua...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Vencer a Especialização.

Sabe quando você ouve uma música ou lê um poema, e seu coração arde e sua cabeça dói, de ciúme barato e topor porque não foi você quem pensou aquilo, e, mesmo assim aquilo passa a ser sua música? seu poema? sua cara? sua vida?seus gametas?

Sabe quando tudo faz sentido e somos extensões uns dos outros, como nas festas de crianças entre as crianças?; Bem, foi assim quando li Edgar Morin. Este fragmento abaixo, parte do lido no inverno de 2005, carrega essa sensação:


'Enquanto a cultura geral comportava a possibilidade de buscar a contextualização de toda informação ou idéia, a cultura científica e técnica, por causa de sua característica disciplinar e especializada, separa e compartimenta os saberes, tomando cada vez mais difícil a colocação destes num contexto qualquer. Além disso, até a metade do século XX, a maioria das ciências tinha por método de conhecimento a redução (do conhecimento de um todo ao conhecimento das partes que o compõem), por conceito fundamental o determinismo, isto é, a ocultação do acaso, do novo, da invenção, e a aplicação da lógica mecânica da máquina artificial aos problemas vivos, humanos e sociais.
A especialização abstrai, extrai um objeto de seu contexto e de seu conjunto, rejeita os laços e a intercomunicação do objeto com o seu meio, insere-o no compartimento da disciplina, cujas fronteiras quebram arbitrariamente a sistemicidade (a relação de uma parte com o todo) e a multidimensionalidade dos fenômenos, e conduz à abstração matemática, a qual opera uma cisão com o concreto, privilegiando tudo aquilo que é calculável e formalizável.

Assim, a economia, a ciência social matematicamente mais avançada, é também a ciência social e humanamente mais fechada, pois se abstrai das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas etc, inseparáveis das atividades econômicas. Por isso, os seus experts são cada vez mais incapazes de prever e de predizer o desenvolvimento econômico, mesmo a curto prazo.
O conhecimento deve certamente utilizar a abstração, mas procurando construir-se em referência a um contexto. A compreensão de dados particulares exige a ativação da inteligência geral e a mobilização dos conhecimentos de conjunto.
Marcel Mauss dizia: "É preciso recompor o todo". Acrescentemos: é preciso mobilizar o todo. Certo, é impossível conhecer tudo do mundo ou captar todas as suas multiformes transformações. Mas, por mais aleatório e difícil que seja, o conhecimento dos problemas essenciais do mundo deve ser tentado para evitar a imbecilidade cognitiva. Ainda mais que o contexto, hoje, de todo conhecimento político, econômico, antropológico, ecológico etc, é o próprio mundo. Eis o problema universal para todo cidadão: como adquirir a possibilidade de articular e organizar as informações sobre o mundo. Em verdade, para articulá-Ias e organizá-Ias, necessita-se de uma reforma de pensamento."

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Eclasiastes, Carnaval e Justiça. O 'Abre Alas'

Com as ferramentas em punho, quase tudo é possível. Quase tudo, por que sou otimista, e penso que o coração-honesto é o limite.
Enquanto muita gente vê o diabo em tudo, eu, como Filho da Graça que há em Jesus Cristo, me sinto impelido a ver Deus e suas mão positivas e operantes, em todas as coisas.
Não se engane, não estou falando de Universalismo; estou indo às orígens (aquele momento em que profanamos a nós mesmos)
Pode ser que essa minha ludicidade seja um disparate, mas como falo à adultos, entendemos que pode até ser um disparate sim, mas ainda lúdico. E adulto que sou, não abro mão de uma boa brincadeira.

Deus é justo, e o Livro do Eclesiastes conta disso;
Deus é justo, e os primórdios do Carnaval sambam assim; e
Deus é justo, e a Economia Mundial, esqueceu-se disso.

Toda vez que irrelevamos as letras de Coélet, ignoramos Deus, que é Justo;
Toda vez que sofismamos as manifestações folclóricas populares, ignoramos Deus, que é Justo, e
Sempre que a Economia é injusta com o Homem, denegrindo e aviltando-o, esbofeteamos Deus, que é justo. E justificador.

Eclesiastes e a justiça.
La Sainte Bible. Ed.1973. École Biblique de Jérusalem.


O problema de Coélet (aqui como sendo a mesma coisa que Eclesiastes, por enquanto), é o mesmo de Jó: o bem e o mal têm sua sanção aqui na Terra? E a resposta de Coélet, como a de Jô, é negativa, pois a experiência contradiz as soluções correntes (7, 25-8, 14).

Só que Coélet, é um ‘homem’ de boa saúde e não pergunta como Jô, pelas razões do sofrimento, e se consola gozando das modestas alegrias que a existência pode dar (3, 12-13; 8, 15; 9, 7-9); ou procura consolar-se, pois vive totalmente insatisfeito.
O mistério do Além o atormenta, sem que ele vislumbre uma solução.

Mas Coélet é um ‘homem’ de fé, embora desconcertado com o rumo que Deus dá aos assuntos humanos, diz que Deus não presta contas (3, 11.14; 7, 13); que se deve aceitar de sua mão tanto as provocações como as alegrias (7,14); que é preciso observar mandamentos e temer a Deus (5, 6; 8, 12-13)...
Continua...

Eclesiastes, Carnaval e Justiça. 'Desfile de Campeões'

Carnaval e a Justiça.
O Celso Lungaretti disse isso e muito mais em 1980.

A origem do carnaval perde-se na poeira dos tempos.
Há quem tente remontá-la ao culto agrário praticado por povos que existiram 10 mil anos antes de Cristo: homens e mulheres mascarados, com corpos pintados e cobertos de peles ou plumas, saíam em bandos e invadiam as casas, fazendo terríveis algazarras.
Outros autores lembram as festas alegres do paganismo, como a de Ísis e a do Boi Ápis, entre os egípcios, e as bacanais, lupercais e saturnais dos romanos.

A componente libidinosa do carnaval é inegável em todos os textos antigos. Sabe-se, p. ex., que o termo carnaval deriva do latim carrum novalis, designação de um tipo de carro alegórico da Grécia e Roma antigas. Dezenas de pessoas mascaradas caminhavam a seu lado e ele trazia no bojo "mulheres nuas e homens que cantavam canções impudicas".

O medonho entrudo português - Para nós interessa, sobretudo, o carnaval português, conhecido como entrudo. Até fins do século 19, o nosso carnaval teria as mesmas características do "medonho entrudo português, porco e brutal", a que se refere uma historiadora, assim descrevendo-o: "pelas ruas de Lisboa, generalizava-se uma verdadeira luta em que as armas eram os ovos de gema, ou suas cascas contendo farinha ou gesso, cartuchos de pó de goma, cabaças de cera com águas de cheiro, tremoços, tubos de vidro ou de cartão para soprar com violência, milho e feijão que se despejam aos alqueires sobre as cabeças dos transeuntes..."

A pesquisadora Eneida, em sua História do Carnaval Carioca, relaciona diversos casos para comprovar que, a exemplo do que ocorria na Roma de Suetônio, o carnaval aqui também se constituía no único período em que os escravos desfrutavam de uma certa liberdade. E conclui:

"Parece que uma das características do carnaval é dar aos escravos de qualquer época o direito de criticar e zombar de seus senhores".

Os limites da democracia, entretanto, sempre foram muito exíguos no Brasil, então houve também medidas caracteristicamente discricionárias. Em 1857, o chefe de polícia do Rio de Janeiro lançou um edital proibindo "o jogo do entrudo dentro do município. Qualquer pessoa que o jogar incorrerá na pena de 4$ a 12$ e não tendo com que satisfazer, sofrerá oito dias de cadeia, caso o seu senhor não o mande castigar no calabouço com cem açoites". Ou seja, multa para os brancos proprietários, xilindró e chicotadas para os escravos. A relatividade vem de longe...
Continua..

Eclesiastes, Carnaval e Justiça. 'Apuração'

Economia e Justiça. O Bem e o Mal do Carnaval.

O pastor e jornalista Macéias Nunes afirma: "Vale a pena perguntar, enfim, se não terá chegado a hora de fazer uma avaliação crítica sobre as vantagens e desvantagens do Carnaval, mesmo porque esta que já foi uma legítima festa popular, hoje está cada vez mais refém do dinheiro".
E continua:
"É a economia, estúpido!”

A frase famosa do folclore político americano serve para responder em parte a pergunta sobre os motivos da paixão provocada pelo Carnaval em amplas faixas da população brasileira.
Houve tempo quando se podia falar da festa como a mais pura e legítima expressão da cultura popular do país, mas hoje o que conta são os milhões de reais movimentados por ela, direta ou indiretamente.
Com os turistas, ganha a hotelaria, o comércio regular, a camelotagem e, até, a prostituição. A televisão fatura alto, aqui e no exterior. A indústria do Carnaval gera milhares de empregos e, como se sabe, emprego é palavra mágica na abertura de todas as licenças. Falar que alguma atividade gera tantos ou quantos empregos é garantia de imunidade absoluta para sua prática, por menos recomendável ou mais nociva que seja para a sociedade.

"É a economia, sem dúvida, mais do que a arte e a cultura. Contudo, é também o marketing, seja eleitoral, artístico ou moral. Existem políticos que por força do cargo são praticamente obrigados a comparecer ao local dos desfiles, mas há outros que se aproveitam para posar de figuras populares – e para ouvir de passagem um coro de merecidas vaias.

As notórias senhoras/madames/garotas/senhoritas, que se credenciam ao estrelato por se enquadrarem no chavão “modelo e atriz” há muito tomaram o lugar das passistas do morro.
E os banqueiros do jogo do bicho deixam de ser os mafiosos de sempre para se tornar os honrados cidadãos que comandam a festa, com direito a contatos oficiais e tudo. E isso sem falar no narcotráfico, cada vez mais presente nas relações com certos promotores e participantes da festa.
"E há também a elevação das estatísticas da criminalidade, drogas e homicídios no período, a explosão da imoralidade e da violência explícitas e o delírio dos carnavalescos na tentativa de recontar a história a partir de um ponto de vista em muitos casos bizarro e tendencioso.
Não é absurdo perguntar, ainda, se diante do sufoco que o povo enfrenta durante o ano inteiro vale mesmo a pena festejar durante quatro dias para depois cair de novo na real e no real.

"Vale a pena perguntar, enfim, se não terá chegado a hora de fazer uma avaliação crítica sobre as vantagens e desvantagens do Carnaval, mesmo porque esta que já foi uma legítima festa popular, hoje está cada vez mais refém do dinheiro.

Afinal, promiscuidade tem limite."
Continua...

Eclesiastes, Carnaval e Justiça. "Quarta de Cinzas"

Para encerrar a brincadeira (folia?), e apanhar a bola, os lápis-de-cores, os consoles, as máscaras, os gibis..., dar um abraço na mamãe e tomar um banho...cantarolo em ritmo de marchinha:

‘...Ele é dono da Chuva, do Sol e do Ar...
É Senhor da Alegria, da Dor, do Chorar..
Ele é dono dos Montes, do Céu e do Mar..
É Senhor das Crianças, das Preces e dos hinos..
Ele é teu e também meu, Senhor..’

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Guerra ao Crime

Quando eu disse que o 'homem-sem-Deus' era o meu problema, o Rubem (um amigo meu, você não conhece não), disse que além desse mesmo problema tinha ainda o do homem-com-Deus. Daí que ele me perguntou, 'quem é esse homem-com-Deus?'.


Eu tenho três ensaios-de-respostas, pra esta pergunta com muitas respostas.


A primeira tá lá no blog dele (www.asmuitasletras.blogspot.com) como comentário no post 'crianças e brinquedos’;

a segunda tá no meu arquivo,

e a terceira é este samba-hippie, que se pretende uma sugestão pacífica de como declarar guerra ao crime. Crime este, promovido pelo homem-sem-Deus:



Guerra ao Crime.


Vamos fazer algo especial
De manhãzinha,
Sei que não é Natal
Mas Deus nos deu um dia de surf na Prainha.


Guerra ao Crime.

Hoje à tardinha,
Sei que não é carnaval
Mas fiz um colar pra minha Gatinha.


Guerra ao Crime.

Vamos fazer algo especial

Hoje à noitinha,
Eu se que não é 07 de Setembro
Mas puxemos a máscara do Imperador!


Quebraremos.

Neoliberalismo, o Pai da Pobreza. TOMO II

A pergunta seqüente é ‘o que seria aborto terapêutico?’ As aulas em Bioética com a profa. Naara Luna me deram algumas informações, que estão linkadas com wikipedia, pra não termos dúvidas.
Denomina-se aborto terapêutico o aborto provocado (não-espontâneo) pelas seguintes motivações:
a- para salvar a vida da gestante;
b- para preservar a saúde física ou mental da mulher;
c- para dar fim a uma gestação que resultaria numa criança com problemas congênitos que seriam fatais ou associados com enfermidades graves, e
d- para reduzir seletivamente o número de fetos para minorar a possibilidade de riscos associados a gravidezas múltiplas.

Posto isso, me sinto bem tranqüilo para tomar partido com o Ortega.
Observe que não estou tomando partido do ‘sim’ contra o ‘não’. Em última instância, nem tô falando de Aborto, e sim , de Política, e Política Econômica. Só penso que o Nicaragüense tá bem razoável na sua postura.
Ele, como chefe de Estado está tomando partido da Saúde Pùblica. Ou seja, a questão moral do aborto é circunstancial e cultural, e portanto pode ser debatido no aconchego do seio famíliar. É lá que se debruça sobre as moralidades e leviandades do ato.

No Estado de Direito, não. Ortega tá é responsabilizando o Estado e sua postura política sócio-econômica (acho que a expressão é redundante), por proporcionar e estabelecer socialmente a violação dos direitos humanos e ou a degradação financeira dos países em desenvolvimentos e a legitimação do aborto.
Ora, querem falar dos direitos humanos em relação ao aborto, mas não em relação ao empobrecimento humano da globalização. Como se as duas situações nã fossem hemorragias do ‘deste’ capitalismo doente. Eu héin! Parece papo de surdo e mudo (sic).
CONTINUA.....

Neoliberalismo, o Pai da Pobreza. TOMO I

Olha que negócio lindo:

O presidente nicaragüense, Daniel Ortega, culpou o modelo neoliberal imposto pelos países desenvolvidos pela situação de pobreza na Nicarágua, durante uma reunião com 10 parlamentares europeus em que defendeu os direitos humanos e condenou o aborto.
A Nicarágua recusa o aborto, seja lá qual for a motivação.
Os parlamentares da Finlândia, Noruega, Suécia, Dinamarca e Islândia visitaram a Nicarágua com o objetivo de avaliar o desempenho das agências das Nações Unidas no país, via de regra são favoráveis ao ‘Aborto Terapêutico’. Essa é a maneira deles demonstrarem interesse pela situação dos direitos humanos na Nicarágua.

Ortega mete o pé na ferida: “- Impuseram um modelo que lança vivas ao livre mercado e no qual há uma ditadura do capitalismo global.” Ortega afirmou ainda que seu Governo defende os direitos humanos, especialmente das crianças. E acusou o capitalismo global de ser 'um grande violador dos direitos humanos'.
Clap! clap! Palmas pra Ortega!

Sobre a penalização do aborto terapêutico, ele reconheceu que o país mais preocupado com isto é a Suécia 'porque não está contente com a volta do sandinismo ao poder'. E afirmou que, segundo enquetes, 80% das mulheres nicaragüenses são contra o aborto, inclusive o ‘terapêutico’.

Bom, respiremos e prossigamos...

Primeiro, do que se trata a expressão ‘Neoliberalismo’?.
Gosto da definição do dominicano frei Beto. Aliás, leia Frei Beto, é providencial.

Beto diz que ‘o neoliberalismo é o novo caráter do velho capitalismo. Este adquiriu força hegemônica no mundo a partir da Revolução Industrial do século 19. O aprimoramento de máquinas capazes de reproduzir em grande escala o mesmo produto e a descoberta da eletricidade possibilitaram à indústria produzir, não em função de necessidades humanas, mas sobretudo visando ao aumento do lucro das empresas.
O excedente da produção e a mercadoria supérflua obtiveram na publicidade a alavanca de que necessitavam para induzir o homem a consumir, a comprar mais do que precisa e a necessitar do que, a rigor, é supérfluo e até mesmo prejudicial à saúde, como alimentos ricos em açúcares e gordura saturada.

O capitalismo é uma religião laica fundada em dogmas que, historicamente, merecem pouca credibilidade. Um deles reza que a economia é regida pela "mão invisível" do mercado. Ora, em muitos períodos o sistema entrou em colapso, obrigando o governo a intervir na economia para regular o mercado.

O fortalecimento do movimento sindical e do socialismo real, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial (1940-1945), ameaçou o capitalismo liberal, que tratou de disciplinar o mercado através dos chamados Estados de Bem-Estar Social (previdência, leis trabalhistas, subsídios à saúde e educação etc.).

Esse caráter "social" do capitalismo durou até fins da década de 1970 e início da década seguinte, quando os EUA se deram conta de que era insustentável a conversibilidade do dólar em ouro. Durante a guerra do Vietnã, os EUA emitiram dólares em excesso e isso fez aumentar o preço do petróleo. Tornou-se imperioso para o sistema recuperar a rentabilidade do capital. Em função deste objetivo várias medidas foram adotadas: golpes de Estado para estancar o avanço de conquistas sociais (caso do Brasil em 1964, quando foi derrubado o governo João Goulart), eleições de governantes conservadores (Reagan), cooptação dos social-democratas (Europa ocidental), fim dos Estado de Bem-Estar Social, utilização da dívida externa como forma de controle dos países periféricos pelos chamados organismos multilaterais (FMI, OMC etc.) e o processo de erosão do socialismo real no Leste europeu.

O socialismo ruiu naquela região por edificar um governo para o povo e não do povo e com o povo. À democracia econômica (socialização dos bens e serviços, e distribuição de renda) não se adicionou a democracia política; não nos moldes do Ocidente capitalista, mas fundada na participação ativa dos trabalhadores nos rumos da nação.

Nasceu, assim, o neoliberalismo, tendo como parteiro o Consenso de Washington - a globalização do mercado "livre" e, segundo conveniências, do modelo norte-americano de democracia (jamais exigido aos países árabes fornecedores de petróleo e governados por oligarquias favoráveis aos interesses da Casa Branca).

O capitalismo transforma tudo em mercadoria, bens e serviços, incluindo a força de trabalho. O neoliberalismo o reforça, mercantilizando serviços essenciais, como os sistemas de saúde e educação, fornecimento de água e energia, sem poupar os bens simbólicos - a cultura é reduzida a mero entretenimento; a arte passa a valer, não pelo valor estético da obra, mas pela fama do artista; a religião pulverizada em modismos; as singularidades étnicas encaradas como folclore; o controle da dieta alimentar; a manipulação de desejos inconfessáveis; as relações afetivas condicionadas pela glamourização das formas; a busca do elixir da eterna juventude e da imortalidade através de sofisticados recursos tecnocientíficos que prometem saúde perene e beleza exuberante.

Tudo isso restrito a um único espaço: o mercado, equivocadamente adjetivado de "livre". Nem o Estado escapa, reduzido a mero instrumento dos interesses dos setores dominantes, como tão bem analisou Marx. Sim, certas concessões são feitas às classes média e popular, desde que não afetem as estruturas do sistema e nem reduzam a acumulação da riqueza em mãos de uma minoria. No caso brasileiro, hoje os 10% mais ricos da população - cerca de 18 milhões de pessoas - têm em mãos 44% da riqueza nacional. Na outra ponta, os 10% mais pobres sobrevivem dividindo entre si 1% da renda nacional.

Milhares de pessoas consideram o neoliberalismo estágio avançado de civilização, assim como os contemporâneos de Aristóteles encaravam a escravidão um direito natural e os teólogos medievais consideravam a mulher um ser ontologicamente inferior ao homem. Se houve mudanças, não foi jamais por benevolência do poder’.
Ufa!
Sacou?
Entendeu a jogada?
Vamos caminhar...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Deus, o Homem e o Diabo na Terra do Sol - I Tomo.

O Homem e a dita pós-modernidade


Quero começar este ludi-ensaio, fazendo um apanhado em resumo da dita pós-modernidade, para então, me ater aos seus temas centrais nevrálgicos.

A emergência do pós modernismo (seja lá o que isso signifique, hoje) aconteceu na década de 60, afirmando-se plenamente na de 70; e é correlata ao surgimento de uma nova ordem econômica e social: pós-industrialismo ou sociedade de consumo, a sociedade da mídia e do espetáculo, ou o capitalismo multinacional.

O estabelecimento da publicidade como ‘arte oficial do capitalismo’ (Harvey) ocorrido na década de 70 promove uma troca de influências entre a arte e as estratégias publicitárias. Também foi neste período que floresceu a indústria da herança e a cultura de museu, visando a comercialização da história e de formas culturais, tendo a classe média como público alvo.

Queimado ao estopim, duas chamuscas desde barril de pólvoras aceso:

O desaparecimento de um senso de história e a transformação do significado e da própria percepção do espaço e tempo;
a celebração das ‘qualidades transitórias’ da vida moderna, com ênfase no campo da produção cultural em eventos, espetáculos, happenings e imagens da mídia.
Estes apontamentos, são temas da pós modernidade, porque estão na ordem do dia, e são sintomas, porque seus desencadeamentos são perceptíveis e palpáveis.


Deus e a reserva moral
Esta experiência temporal esquizofrênica de descontinuidade, permite uma vivência muito intensa do tempo presente:
perpétuo presente de isolamento e desconexão. Esta total aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo e do caótico, é herança do conceito baudelairiano de modernidade. Arrisco dizer, que herdamos do Cristianismo, o seu pensamento de que o ’valor’ e o ‘sentido’, não são inerentes a nenhuma ordem espacial, devendo sim, serem invocados. Esta herança me parece, de alguma forma conflitante com, ou necessariamente conflitante com a velha Teologia da Libertação ou a nova Teologia Social, que insistem em tirar Cristo da cruz, e colocá-lo no front da vida urbana. Que se faz uma atitude muito necessária, já que no Capitalismo, a única coisa que é universal é o mercado.

Partindo desta evidência, precisamos então, estabelecer uma ‘reserva moral’.
Porquê?.
Por que no capitalismo, o mercado sequer pensa esta reserva, fazendo com que a pós modernidade faça do Cristianismo uma espécie de filosofia de mega-tendência, ou seja, só mais uma das possibilidades espiritualistas vigentes.
Reserva moral aqui, é entendida como aquele ser-em-estado-de-democracia, que não sendo externo ao seu tempo, pelo contrário, não cessa de fazer as vezes de Estado, sem estabelecer compromissos vergonhosos; e para Cristianizar ainda mais o conceito, se responsabilizando pela e diante das vítimas.

No estado atual, são conflitantes as relações entre direitos humanos e capitalismo, o primeiro não nos fará abençoar o segundo; “Os direitos humanos não nos farão abençoar o capitalismo!” (Félix Guatarri, Gilles Deleuze).
No capitalismo, não pára de crescer o número de homens sem direitos - a não ser o direito de mercado, sendo ele mesmo, uma mercadoria – é necessário, então, uma reserva moral que ressuscite, celebre, invoque uma espiritualidade revitalizadora e engajada como a de Luther King (Longuini)...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Só por enquanto

Um poeta-costela-minha edita um blog delicioso chamado “Escritos & Canções”.
Lá, ele postou uma canção-poema confeccionada em quatro mãos.
Mãos minhas e suas mãos.
Pura sinergia.

http://rafaelgut.blogspot.com/

Morde e Assopra

Sabe qual é o meu problema?
O homem-sem-Deus é o meu problema!

Meu problema é que eu vejo demais pra ser cego;
Também ouço demais pra ser surdo,
Muito ideológico pra viver em paz;
Muito compassivo pra entrar em guerra!
Muito bem pra ficar louco!
O meu problema é que eu sou muito emocional pra morder,
Muito rejeitado para assoprar.
Sabe qual é o meu problema?
O homem-sem-Deus é o meu problema!

Polícia enfrenta simpatizantes da oposição nas ruas do Quênia.
O governo queniano diz que a oposição está promovendo um genocídio.
Muito compassivo pra entrar em guerra!

Ameaça ao petróleo
Maior milícia da Nigéria diz que violência vai piorar em 2008
Meu problema é que eu vejo demais pra ser cego.

Menos um processo
STJ: Marcos Valério fica livre de pena por sonegação fiscal.
Também ouço demais pra ser surdo,

Crime banal
Assaltantes matam homem por R$ 3 no Rio Grande do Sul
Muito bem pra ficar louco!

Polêmica
Tarso: Distribuir bolsas em ano eleitoral não é ilegal
O meu problema é que eu sou muito emocional pra morder,

atividades humanas
Populações de grandes mamíferos estão em queda.
Muito rejeitado para assoprar.

Sabe qual é o meu problema?
O homem-sem-Deus é o meu problema.