No conto ‘Luzes’, de Tchekov escrito em 1888, o herói, um engenheiro chamado Ananiev, fala de um encontro decisivo ocorrido na sua juventude, numa casa de varaneio de pedra, acima do mar, e oferece essa teoria sobre os grafites:
“Quando um homem num estado de espírito melancólico é deixado sozinho frente a frente como mar, ou com qualquer outro cenário que lhe pareça grandioso, há sempre, por alguma razão, misturada à melancolia, a convicção de ele vai viver e morrer na obscuridade e, reagindo, ele agarra um lápis, um caco de telha....e se apressa em escrever seu nome na primeira coisa ao alcance das mãos.
E é por isso, suponho, que todos os cantos convenientemente solitários, estão sempre rabiscados com lápis, cacos de telha ou gravados com canivetes.”
Este é um reflexo (efeito retardado), da sensação de eternidade que tínhamos quando estávamos com Deus naqueles dias no Jardim das Delícias.
É por isso que insistimos em colocar nosso nome nas pessoas que amamos: é porque as pessoas e as coisas são extensões de nós.
É por isso que os enamorados escrevem seus nomes nas árvores;
É por isso que colocamos nossos nomes no diminutivo ou Jr. em nossos filhos;
É por isso que chamamos a Igreja de Cristo de Corpo,
É uma maneira de eternizar aquilo que somos-queremos-ser.
Sendo assim, eu chamo o Pedro de ‘Flautista de Hammelim’’ e chamo o Samuel de ‘Samuca, o Trovador Solitário’, porque no fundo eu queria ser vocês.
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