segunda-feira, 12 de novembro de 2007

FHC - O Fim do Homem Cordial

Há algum tempo, havia eu, decretado o Fim do Homem Cordial. Pretendia com isso, endurecer sem perder a ternura, minha super-boa-vontade com algumas personagens do imaginário coletivo do multiverso carioca. Não sou pessimista, chego mesmo a ter uma espécie de postura Poliana, mas ser acintosamente abordado por esses facínoras, tem me tirado a paz...os facínoras os quais me refiro são, antes figuras simpáticas e emblemáticas, agora esses flanelinhas malandrões, taxistas escorchadores, policiais arregueiros, doninhas punguistas..., só para ilustrar: dias esses fui ao teatro. E fui também‘intimado’ na porta do Ginástico, por um flanelinha-cadeirante-com-colete-falso-da-prefeitura, que me obrigou a dár-lhe R$5,00 para tomar conta do meu carro (que tem seguro, e que ele não conseguiria nem tentaria de modo algum, impedir furto ou arrombamento, pelos motivos óbvios: não é ninja, nem estaria ali por perto caso o fosse). Eu, poliana até os ossos, fiquei argumentando uma maneira com que o negócio fosse interessante para os dois, mas perdi tempo. Ele imaginava que iríamos para alguma Boite ali por perto, o que lhe outorgava o direito de estar ‘cobrando’ aquele valor ‘na moral e honestamente’, que era a quantia cobrada por uma cerveja na tal Boite. Pensei em explicar para o meu algoz a situação de vítima em que nos metemos - eu e ele – ao entregar nosso país nas mãos dos executivos viciados na santíssima-trindade-deste-século: dinheiro, autoridade e poder, e que por isso, somos roubados, assassinados no corpo e na esperança, tendo como vendido chãos sob pés que ainda nem nasceram. Mas alguma coisa no meu subconsciente me dizia que aquele cidadão estava determinado a me levar os R$5.00, tenha ele me prestado algum serviço, ou não.
É por essas e outras que o filme do Daniel Lisboa ilustra e retrata o que quero dizer no título desta crônica.
Trata-se de “O Fim do Homem Cordial” (FHC), principal vencedor do Festival do Cinco Minutos, patrocinado pelo DIMAS (da Fundação Cultural do Estado da Bahia). O vídeo, por mostrar uma situação inusitada, segundo se fala, foi fator determinante de abalos sísmicos na estrutura administrativa do setor de audiovisual desse órgão governamental. Porque o júri – formado por pessoas de diversos estados e que talvez não conhecessem as idiossincrasias da política baiana – premiou como melhor vídeo justamente um que ataca de frente ACM-Corleone – no dizer do jornalista Hélio Fernandes – e, ainda por cima, a sua rede de comunicação, cuja ponta de lança é a Tv Bahia e o seu indefectível telejornalismo, à frente o BaTv.
A sigla FHC sempre me traz más recordações– seja pela lembrança do energúmeno que doou o Brasil, vendendo boa parte de nosso patrimônio –; seja pela Nova Ordem de Q(c)uartel Nacional instaurada no Rio de Janeiro, que achincalha as pessoas de bem de todas as Comunidades do Rio de Janeiro, sejam elas periféricas ou zona-sulistas, tendo como exemplo da primeira, algumas áreas do Complexo do Alemão; seja ainda o exemplo supracitado. Em todos esses casos, no filme , numa saída de sábado à noite...estão presentes o mesmo pano-de-fundo, quer dizer, de chumbo:
A demonstração vulgar de poder, inspirada na onda de imagens divulgadas por grupos terroristas, sejam os dos atentados de 11 de setembro, sejam da Ditadura em Miammar, seja do Estado-de-Sítio do Rio de Janeiro, ou ainda das novelas instigadoras do consumismo desenfreado. “Qualquer pessoa, que tenha acompanhado os noticiários televisivos dos últimos três anos, pode perceber uma serie de imagens de grupos terroristas, com reféns, filmadas e divulgadas pelos próprios. Essas imagens são diferentes de todo o material exibido pelas emissoras de noticias. Essa configuração de imagem é dirigida pelos próprios terroristas. Um novo elemento audiovisual, não cordial, é incorporado e cria uma mancha na programação normal. É a estética do terror, da fome, do anti-cordial, da intolerância, da violência e da injustiça”. O fim do homem cordial assola o Rio de Janeiro.

Novos paradigmas:

Eu sofro de Complexo de Poliana, o que me leva a ver o lado bom das coisas. E também sofro de Complexo do Alemão, o que me leva a viver o lado bom das coisas.

Sábado último, fui convidado por dois amigos pastores batistas, a me ajuntar a eles para tocar (ministrar louvor e adoração), do outro lado da ponte Rio-Niterói, mais especificamente em PIB Neves, São Gonçalo. Esses jovens pastores são da Igreja Batista do Cordeiro, no Complexo do Alemão. Atendi mais que prontamente, pois passar momentos com essa comunidade, é pra mim, experiência edificante.
Desde a sexta-feira que antecedia o evento, as coisas já se pronunciavam promissoras. Fui com o Beto-amigo-próximo-como-irmão num desses ‘podrão’ comer churrasquinho de filé-miau. Conversávamos sobre essas coisas que se conversa numa sexta à noite, futebol, teologia, filosofia, pagmáticas, futuros, passados, expectativas de ministérios, mulheres, amigos, irmãos, heróis, necessidades materiais, espirituais, orgânicas...na tv começava um programa de entrevistas em que apareceu o Arnaldo Jabour, no EXATO momento em que falávamos de Antônio Gramsci, e eu usava o Jabour como exemplo de um intelectual orgânico...até que chegou para compor conosco mais um desses caras fantásticos que Deus coloca em nosso caminho, era o Pedro’flautista de hemelim’, sempre com um pensamento filosófico na ponta da língua e um senso de justiça aguçadíssimo, na porta do coração....CONTINUA

2 comentários:

Marcos Vichi disse...

Eu amo a cidade do Rio de Janeiro, mas me entristeço com o embrutecimento de seus habitantes. Motoristas que entram sem cerimônia na contra mão,passageiros que na maior cara de pau entram nos ônibus pela porta traseira, para dar um calote na passagem; pedestres porcos que fazem das paredes e postes o seu urinol; etc.

Onde está o carioca cordial, simpático, que povoa o imaginário popular? Ele está em extinção. Precisamos lançar uma campanha pela preservação do HCC (Homem Carioca Cordial). Chamem o greenpeace e o WWF para cuidar deste projeto, que tem tudo para ser uma das maiores ações ecológicas do Planeta: "SALVEM O CARIOCA!"

Um grande abraço,

Marcos Vichi

Guttemberg Ferreira disse...

O Complexo do Alemão é revitalizado por suas palavras que o fazem notado como parte do Rio de Janeiro necessitada de atenção e não como parte autônoma e de tensão. Pois é isto: identificar o pobre como plebe não significa que a plebe seja pobre. Aqui existem ricas ideologias. Pra nós, sempre será um prazer tê-lo aqui conosco para que , com toda a tua cultura, louvemos a Deus com toda humildade. Obrigado por teus comentários no meu blog. Nós tb te amamos, Gutt e Monica.