quarta-feira, 30 de abril de 2008

TERRA DA CONFUSÃO

TERRA DA CONFUSÃO:
“Desmatamento.
Especialistas: crise alimentar é nova ameaça à Amazônia
Publicada em 29/04/2008 às 22h34m
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Enormes extensões ociosas do território brasileiro poderiam ser parte da solução para a crise alimentar mundial, mas há o risco de que o atual aumento nos preços alimentícios estimule a devastação da Amazônia.”

TERRA DA CONFUSÃO:
“CHILE.
Centros de Detenção de jovens não apresentam condições de reintegração social.
Adital - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), após visitas - desde novembro do ano passado - a todos os Centros Penitenciários do país, revelou que os adolescentes que vivem nesses centros são vítimas de abusos, violências, risco eminente de suicídio, pessoal despreparado e precária infra-estrutura.”

TERRA DA CONFUSÃO:
“28.04.08 - PANAMÁ
Relatório denuncia aumento significativo da violência contra a mulher.
O Relatório Alternativo sobre a situação dos Direitos Humanos das Mulheres Panamenhas, apresentado pelo Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), revela que houve um aumento significativo da violência contra a mulher, especialmente da violência infrafamiliar.”

TERRA DA CONFUSÃO.

Eu devo ter sonhado mil sonhos,
Sido assombrado por um milhão de gritos,
Mas eu não consigo ouvir os pés marchando,
Eles estão se movendo na rua.
Agora, você leu as notícias hoje? Eles dizem que o perigo se foi
Mas eu ainda posso ver a luz do fogo,
Eles estão queimando na noite.
Tantos homens, tantas pessoas
Causando tantos problemas,
E nem tanto amor para nos rodear.
Você não consegue ver que essa é a terra da confusão?
Esse é o mundo em que vivemos,
E essas são as mãos que nós estamos dando,
Use-as e vamos começar a tentar
Fazer deste um lugar que valha a pena viver.
Oh super-homem onde você está agora?
Tudo está saindo errado de alguma forma.
O homem de aço, homem de poder
Está perdendo o controle a cada hora.
Essa é a hora, esse é o lugar!
Então nós olhamos para o futuro!
Mas não há muito amor para circular.
Me diga porque essa é a terra da confusão?
Esse é o mundo em que vivemos...
Eu me lembro a muito tempo
Oh quando o sol brilhava,
E as estrelas brilhavam por toda noite,
E o som das gargalhadas enquanto eu te abraçava apertado
A tanto tempo atrás...
Eu não voltarei para casa esta noite,
Minha geração vai consertar isto,
Nós não estamos só fazendo promessas
Que nós sabemos que nós não vamos manter.
Tantos homens, tantas pessoas
Causando tantos problemas
A nem tanto amor por aí!
Você não consegue ver que essa é a terra da confusão?
Esse é o mundo em que vivemos,
E essas são as mãos que nós temos.
Use-as e vamos começar a tentar
Fazer desse um lugar que valha a pena lutar!
Esse é o mundo em que vivemos
E esses são os nomes que temos,
Erga-se e vamos começar a mostrar
Apenas onde nossas vidas estão nos levando.

A Cidade das ‘Crianças do Porão’.

É assim que tem sido referenciado o episódio acontecido na Cidade ex-anônima de Amstetten, uma cidade minúscula de 23 mil habitantes, que agora ficou famosa com a familia de um aposentado de 73 anos, segundo os médicos uma bomba de testosterona, que gerou sete filhos com a própria filha, que viveram trancados no seu porão durante 24 anos. Aarrrggg!

Bicho, estou relendo “A Divina Comédia” de Dante, por influência do cd ‘Dante XXI’ da Banda Cosmo-Mineira, Sepultura. Me parece que, o espírito humano mantém uma constância de insanidade e maldade grotescos.
Dois dos sete filhos que a austríaca Elisabeth Fritzl teve com o pai ao longo dos 24 anos em que esteve mantida presa num porão se impressionaram ao ver o mundo do lado de fora pela primeira vez.
Partindo daí cara, Platão não sai mais da minha cabeça:

No famoso ‘Mito da Caverna’, narrado no livro VII de A República, a maioria da humanidade, dominada pela ignorância, viveria como prisioneira acorrentada no interior de uma caverna escura, condenada a tomar como verdadeiras as fantasmagóricas sombras projetadas nas paredes à sua frente.
Os poucos que conseguem se libertar percebem o engodo e são capazes de alcançar as luzes do conhecimento e da ciência. Foi o que aconteceu há dois anos, quando a Áustria havia ficado chocada com a história da adolescente Natalia Kampusch que passou oito anos presa num porão perto de Viena, até que conseguiu fugir. O seqüestrador se matou. Talvez ela tenha encontrado as luzes do conhecimento, da ciência e, tomara, redenção.
Metáfora do esforço persistente para superar o mundo das aparências e do imediato, ao mesmo tempo em que critica a condição humana, é esse o percurso posto em questão pela cultura pós-moderna, ao propor-nos uma série de ‘des’: des-referenciação do Real, des-estetização da Arte, desconstrução da Filosofia, desmaterialização da Economia...e principalmente, Despolitização da Sociedade e des-substancialização do Sujeito.
Des-substancialização do Sujeito, é o que rola atualmente em Amstetten, e Amestetten é o nosso alter-ego agora:

‘A história de Amstetten precisa ser reescrita porque o porão onde viveu Elisabeth Fritzl e seus três filhos será agora a maior atração turística’ - disse um porta-voz da prefeitura.

- AAAAHHHHHH!!!!!! SOCORRO!!!!!!!!!

- Dante, Saramago (Ensaio sobre a Cegueira) e Platão me soam agora como um upper no estômago! Sou um sparring de Rinha de Galo!

Essas crianças saem de uma Vida na Caverna Platônica pra entrar na Vida da Caverna Pós-Moderna: “Dizer vida na caverna pós-moderna equivale a dizer vida nas sociedades do capitalismo avançado, apontando para a própria forma da crise de condição humana na época em que estamos vivendo. É sinônimo de uma cegueira muito profunda, pessoal e coletiva, mostrando como são frágeis os limites que separam Civilização e Barbárie.”

Talvez estejamos diante de uma Profana Comédia;
Talvez essa véspera de feriado chuvosa esteja me deixando melancólico,
Porém, me esforço para alcançar um resquício de otimismo e esperança dantescos, que me faz imaginar um Virgílio nos reanimando, nos fazendo passar pelo Inferno e Purgatório.
E então, Beatriz nos conduzirá ao Paraíso.
Tomara.

domingo, 27 de abril de 2008

Justiça na Terra, para Satisfação do Céu.

"Os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem a lei, mas os que se antecipam à ela, dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu".
Machado de Assis, 6 dias depois da Abolição da Escravatura (Maio de 1888).

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Quando se Aprende a Amar, o Mundo passa a ser Seu. Digressão.

...Entretanto, tenho pavor dessa idéia, não porque sou homem, mas porque Nietzsche e Marx são ressuscitados nesta questão. O primeiro sinaliza a possibilidade de um relacionamento sem amor, ou seja, contratual; o outro sugere as relações humanas como desdobramentos puramente políticos e nunca orgânico, integral.

Talvez continue...

Quando se Aprende a Amar, o Mundo Passa a ser Seu. Pra Início de Conversa.

Quando se Aprende a Amar, o Mundo Passa a ser Seu.

Eu não consigo parar de pensar na necessária retomada providencial da integralidade do ser humano. Tudo ao meu redor tem apontado pra isso: dos sabores do mundo entre o céu-da-boca aos vãos das filosofias; a transdisciplinaridade das relações científicas, as autopoieses das relações consumidores/cidadãos.

Afinal de contas, não queremos só comer, queremos também fazer amor.

Em se tratando das relações Consumidores/Cidadãos, estamos em estado de franca fragmentação, perdemos a noção de pertencimento. Nossos lares não nos pertencem, as ruas não são mais nossos quintais. Perdemos os direitos, mas pagamos as contas/tributos.
O lazer, assim como o ambiente público, tende a ser cada vez mais privatizado, dividindo os cidadãos em basicamente dois grupos: os que podem e os que não podem arcar com os custos dessa privatização. Os cidadãos ficam desligados de sua cidade e passam a ser usuários dela, sem um pertencimento mais profundo, sem comprometimento com seus problemas e a busca de soluções destes (Nestor Canclini). De certa forma, somos usuários de mobílias urbanas.
Vejam um ponto de ônibus, por exemplo:
É um bem público quando dele nos utilizamos pra esperar o ônibus, é um bem privado quando usado como ‘outdoor’, um sinal de violência urbana quando depredado, e um símbolo do descaso das autoridades quando depredado permanece. Há aí uma dicotomia entre Cidadãos e Consumidores, fruto da fragmentação que o Neoliberalismo Econômico nos relegou.

Em se tratando das relações existenciais, a fragmentação tem nos levado ao esquecimento (processo de Lobotomia da ideologia dos meios de comunicação) dos sentimentos e vivências amorosas. Tem gente sugerindo a individualização e o egoísmo feminino como forma de subjugar o homem e o paternalismo. O psiquiatra Flávio Gikovat diz em livro, que as mulheres devem preservar sua individualidade para serem felizes no Amor, uma vez que elas é que estão na frente deste processo de individualização, pois eram as vítimas nos relacionamentos de ‘fusão romântica’.
Olha só, eu espero ansiosamente pelo dia em que o Mundo será governado pelas mulheres. Elas são ótimas!
Continua...